terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma visão acerca do bullying

Selando a parceria entre a Coordenadoria do Direito Educacional – OAB-SP e da ASPPER - Associação de Professores e Pesquisadores em Educação e Religião, a psicóloga e advogada Lídia Gallindo, membro da Coordenadoria, e a filósofa e pedagoga, Viviane Cristina Cândido, diretora da ASPPER, deram entrevista, na última sexta-feira, 20/05, no programa Web Divã, apresentado pela também psicóloga Renata Antonelli, exibido na internet pela ALLTV.

Neste, Lídia e Viviane debateram acerca do bullying com um olhar diferenciado, por conta da diferente formação e do olhar ampliado pela multiplicidade. Conheça essa abordagem:

Para baixá-lo em seu computador basta acessar o link, clicar em download now e, após o tempo necessário, clicar em download file now.

domingo, 1 de maio de 2011

Reunião Ampliada em Educação e Religião



ASPPER – Associação de Professores e Pesquisadores em Educação e Religião;


A Coordenadoria de Direito Educacional da OAB/SP e
A Diálogo – Revista do Ensino Religioso da Paulinas Editora
Convidam:

I Reunião Ampliada em Educação e Religião – Estudo da Religião na Escola

As discussões acerca do Ensino Religioso na escola continuam e, para além delas, o Ensino Religioso continua sendo uma realidade conturbada, evidenciando:
1. A falta de conteúdos claros para essa disciplina;
2. A falta de preparação dos professores;
3. A falta, afinal e sobretudo, de uma epistemologia para essa disciplina que possibilite o afastamento de propostas fundamentalistas quer em nome da laicidade do estado, quer em nome das religiões.
Diante disso, nós da diretoria da ASPPER - Associação de Professores e Pesquisadores em Educação e Religião, estamos propondo uma reunião ampliada e convidando professores e pesquisadores destas áreas, de escolas públicas e particulares, Faculdades e Universidades, bem como membros da Coordenadoria do Direito Educacional e demais interessados a fim de discutirmos os seguintes assuntos:
1. Apresentação do histórico da ASPER e de sua mudança para ASPPER;
2. Um quadro geral da problemática do Ensino Religioso no Estado de São Paulo;
3. A proposição de formação de um Grupo de Estudos para o segundo semestre com palestras para professores de escolas públicas e particulares, religiosas ou não, relativas aos fundamentos e à prática pedagógica do ER.
4. Programação do Seminário de Ensino Religioso em parceria com a OAB/SP, previsto para o mês de Junho.

DATA:           07 de maio de 2011
HORÁRIO:     9h às 12h.
LOCAL:        Espaço da Paulinas Editora
                      Rua Dona Inácia Uchoa, 62 - Vila Mariana São Paulo - SP

Professora Dra. Viviane Cristina Cândido
Diretora da ASPPER

Pó ou comida de vermes? Ciência e Fé em Machado de Assis

Alfredo Pujol, membro da Academia Brasileira de Letras e considerado o primeiro estudioso da vida e obra de Machado de Assis, acentua, em suas conferências, a originalidade do maior escritor brasileiro, sua superioridade em relação ao seu tempo, o desapego em relação ao ambiente externo e a intensidade de vida interior do pensamento que se traduzem numa “obra extraordinária, de rara unidade e de sedutora beleza, que é o monumento mais perfeito e mais sólido das nossas letras”.


A partir dessa constatação, podemos entender a dificuldade de nos aproximar da obra de Machado de Assis, ao menos se a quisermos entender de uma vez só ou por meio de uma única disciplina ou área do conhecimento o que, ao contrário, nos distanciaria de sua obra. Para nos aproximarmos é necessário, primeiramente, escolher um viés, uma particularidade e, depois, analisar, colocando em diálogo diferentes disciplinas e áreas do conhecimento, numa aproximação multidisciplinar.
Por esta razão, aqui escolhemos as Memórias Póstumas de Brás Cubas em duas referências machadianas aos “vermes”, a partir das quais queremos pontuar algumas reflexões acerca da imbricação entre ciência e fé, do lugar da Filosofia da Religião.
“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”. Este é o “epitáfio” escolhido por Brás Cubas, o defunto autor, para abrir suas Memórias. Nelas podemos encontrar elementos para a compreensão do tema da condição humana, vislumbrado no conto A Igreja do Diabo. Todavia, torna-se absolutamente necessário destacar que Machado de Assis não entrega essa questão a si mesma, ao contrário, aponta para uma questão fundamental, a saber, a morte como destino inexorável de todos nós!
E aqui queremos fazer duas observações capitais. A primeira de que esse livro marca, para a maioria dos comentadores, uma segunda fase da obra de Machado de Assis porque instala uma compreensão e um detalhamento mais agudo da condição humana. Nossa outra observação diz respeito ao fato de que nosso autor o escreve (ou melhor, Carolina, sua esposa, o escreve) internado num hospital, seriamente debilitado – a exemplo de Ernest Becker e seu livro A negação da morte (2007) e Franz Rosenzweig, mais especificamente no que se refere ao seu Novo Pensamento (2005). Em comum a escrita diante da morte!
Leonardo Vieira de Almeida, na obra À roda de Machado de Assis (2006), ao analisar as citações literárias nas Memórias Póstumas, destaca: “É no espaço da morte que Brás Cubas escreve suas memórias”. (p. 135).
Não é sem razão, que Brás Cubas, logo de início, deixará claro que não é um autor defunto, mas um defunto autor e isso, segundo ele mesmo, muda tudo. Muda porque escreve por estar diante da morte e muda porque toma a morte como dada, como dirá ele sobre a morte de seu pai: “Morreu sem lhe poder valer a ciência dos médicos, nem o nosso amor, nem os cuidados, que foram muitos, nem coisa nenhuma, tinha de morrer, morreu”. (p. 75). A constatação da inexorabilidade da morte é, por outro lado, a discordância radical da compreensão da ciência como absoluta e onipotente.
Se, de um lado, a vida nos faz perceber que podemos sim recusar a proposição religiosa, de matriz judaico-cristã, de que seremos pó, de outro, não podemos discutir com a Biologia e as Ciências Naturais acerca de nosso fim, pois, nos faltarão argumentos para negar que nossos corpos serão consumidos pelos vermes, num processo natural e para o qual caminhamos inexoravelmente.
Finalmente, compreendendo o homem como ele é, parafraseando Nelson Rodrigues, nosso autor, Machado de Assis, fará de Brás Cubas um filósofo da vida e da morte, que exatamente por isso, por tratar da vida e da morte do homem real, assim descreverá a Filosofia: “Todavia, importa dizer que este livro é escrito com pachorra, com a pachorra de um homem já desafrontado da brevidade do século, obra supinamente filosófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo brincalhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama nem regela, e é todavia mais do que passatempo e menos do que apostolado”. (p. 21).
Esse homem real será descrito em toda a obra. Morto, em sua condição de defunto, Brás Cubas é livre para falar das interioridades que nos acometem tanto quanto a ele mesmo e para demonstrar que o homem “é uma errata pensante... Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes”. (p. 60).
É preciso ler as Memórias póstumas de Brás Cubas com coragem para perceber quão tênues são as linhas que, supostamente, dividem o lugar da ciência e o lugar da fé porque ambas são, na realidade, lugares do homem e marcadas, tanto quanto ele, pela provisoriedade da edição que, por sua vez, é determinada pelo tempo, o grande pêndulo da vida!


Viviane Cristina Cândido