sexta-feira, 6 de junho de 2014

Estudo da religião na escola - Com A e Na Diferença



Em nossa última postagem “Sou diferente, penso e existo na escola”, apresentamos nossa conceituação dela como espaço/tempo de relações e apontamos a diferença como uma realidade e a dificuldade de conviver na diferença como um desafio. 


#EducaçãoeReligião


Neste texto, queremos avançar no sentido de apresentar possibilidades para uma Educação Na Diferença, no que concerne à escola, de maneira geral, e ao ER – Ensino Religioso (estudo da religião na escola), de maneira específica, indicando que, a partir daqui, caminharemos com Franz Rosenzweig, filósofo e teólogo do século XX, em busca da consideração da experiência como agente cognitiva porque portadora de significado para os educandos, em nosso caso, no campo religioso. 

Importa destacar, aliás, que vemos com estranheza a tendência a entender, como ideal, um ER distanciado da vida dos educandos, de suas experiências religiosas diretas, quando dentro de uma instituição religiosa, ou indiretas, em suas experiências individuais; por entender-se que essa é a fórmula para evitar o risco do proselitismo ou que o professor, em razão de sua experiência mesma, influencie seus alunos para o bem ou para o mal.[1]

Quer nos parecer que essa compreensão idealizada do ER pode estar na contramão da escola, visto que todas as outras disciplinas, nas últimas décadas, têm se ocupado em fazer com que seus conteúdos ganhem significação para o educando entendendo ser esta, aliás, a garantia de sua aprendizagem. Assim, estamos mais uma vez às voltas com as controvérsias, todavia, dessa vez, com um novo olhar, um novo pensamento e uma nova fala.

Pretendemos desenvolver os fundamentos para uma epistemologia para o ER que tenha, como pano de fundo a diferença e, como desafio, a consideração do conhecimento que emerge da tensão entre instituição e experiência religiosas, a qual, a nosso ver, poderá dar conta de abarcar as múltiplas experiências dos educandos e de seus educadores em seus múltiplos tons de cores. Esperamos fundamentar uma prática para o ER, coerente com esse novo olhar, esse novo pensar e esse novo falar, e que, em razão disto, possa superar as controvérsias, presentes na fundamentação e na prática pedagógica do ER, ao converter-se num novo agir. 

Ademais nos perguntamos com Hubert Hannoun, em seu livro Educação: Certezas e Apostas, no momento em que trata do pressuposto de que na educação será positiva a imagem do homem que irá ser formado "Mas em que se funda esse valor? Em torno de nós, os sistemas educacionais referem-se a normas de ordem teológica, política, “humanistas”, estéticas, etc. O que nos ajuda a distinguir, em termos de valor, o homem de Deus, o homem de partido, o homem do êxtase ou o homem, simplesmente?" (1998, p. 17).


#EducaçãoeReligião


[1] Lembrando que também esse bem e esse mal estão sujeitos ao lugar de quem olha: para um educador religioso o bem pode ser que seus alunos se tornem adeptos da religião dele (ainda que também essa possibilidade comporte um não, ou seja, há professores religiosos que não nutrem essa expectativa) e para um educador ateu, o bem consiste em que seus alunos o sejam (também comportando a possibilidade de um não, pelas mesmas razões dos religiosos) e ainda não evidenciamos o que seria o mal para cada um deles e as múltiplas possibilidades de aproximação e distanciamento. 

Referências bibliográficas:

CÂNDIDO, Viviane C. Epistemologia da Controvérsia para o Ensino Religioso: aprendendo e ensinando na diferença, fundamentados no pensamento de Franz Rosenzweig. 2008. 412f. Tese (Doutorado em Ciências da Religião). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. (Cf. pp. 151-152).

HANNOUN, Hubert. Educação: certezas e apostas. Trad. Ivone C. Benedeti. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998. (Encyclopaidéia)

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